Cabeça-retrato

Dantas Suassuna

Março a Abril de 2012

Entre as camadas de tintas, a transparências das cores, as texturas das pinceladas e as aguadas habilmente aplicadas, sua imagem flutua em clima denso e expressões profundas. Ele se fez fotografar de meio corpo, em telas quadradas de um metro de lado, em pé em telas de dois metros por um e deitado em tela de um metro por dois. A fotografia é pintada como se pentimento, ou melhor, algo que ele tinha pintado antes e se arrependeu, e então pintou por cima outra coisa. Derivado da palavra arrependimento, pentimento tornou-se o termo para significar estes vestígios de pintura sob pintura, certamente descobertos por restauradores e conservadores de museus em suas rotinas de trabalho. Manuel Dantas, porém, já utilizava o pentimento como linguagem, já incorporava seus arrependimentos ao resto da pintura, deixando furos na camada posterior da tela para deixar transparecer o que havia no fundo. A fotografia como pentimento é um recurso contemporâneo tratado como meio, não como fim, pois para ele a pintura é o principal elemento da obra.

 Curadoria de Raul Córdula