Guardada a pupila se abre ao luzeiro
Rinaldo Silva
Março a Maio de 2016
A exposição intitulada “guardada a pupila se abre ao luzeiro”, de Rinaldo Silva, não é a junção de memórias que encontram, nas obras aqui expostas, uma forma simplesmente. (...)Numa palavra, e no sentido mais alto que isso pode ter, poderíamos dizer que ela é uma alegoria filosófica, marcada por uma espécie de reencontro anacrônico. Um reencontro que é um reencontro com a infância, para evocar aqui uma imagem benjaminiana. Assim, esta exposição bem que poderia se chamar infância recifense, pois o tempo desta infância é, por assim dizer, o tempo que nos formou, e, por não pertencer somente a ele, e nem a nenhum de nós particularmente, provoca, de algum modo, nosso reencontro com os outros. Reencontro com uma dimensão coletiva, com uma dimensão que está verdadeiramente no espaço do pensamento. Reencontro, diga-se logo, e especialmente aos saudosistas, desprendido daquele exercício da memória de gosto e alcance duvidoso, sempre esforçado em acentuar o pitoresco da experiência vivida e que promete um reconfortante, embora falso, apaziguamento da experiência dilacerante que é o escorrer do tempo. São memórias que asseguram aquele sentimento, por vezes nocivo, de pertencimento, como uma tentativa, ademais vã, como sabemos, de escapar da morte já instalada.